domingo, 19 de fevereiro de 2012

13. Sem o meu Sol...

Sei que dói.
Já sabia que amar faz doer.
Já tinha essa experiência. Mas agora... agora parece diferente.

Já te estreaste numa ambulância. Lá foste tu, rua abaixo, numa carrinha amarela do INEM, recém-nascidos.
Assim que chegaste foste para o bloco. E ficámos cá fora, como peixes fora de água, num sítio desconhecido. Minúsculo e muito quente.
Faltava o ar, mas eu estava muito descontraída.
É mais um passo a caminho da meta. A caminho da glória. Quando isto tudo terminar, posso finalmente pegar em ti, e trazer-te para junto de mim. Estamos cada vez mais perto.

A enfermeira que iria ficar com ele até às quatro, falou connosco, mas disse que explicava tudo depois.
Chegaram-se as quatro e o turno dela acabou. Cinco, seis...
E nada...
A descontração deu lugar ao desespero e à impaciência. Será possível que ninguém nos venha dizer nada?
não se faz. Simplesmente, não se faz.
Lá tivemos que, no fim de contas, acabar por "ralhar" com o primeiro enfermeiro que nos apareceu à frente.

A enfermeira que estava a "prepará-lo" adoptou uma estratégia diferente. Começou a questionar-nos... "já almoçaram?", "há quantas horas não comem?", "costumam dormir bem?".
Teria comido como deve ser se alguém me tivesse dito que podia ir lanchar à vontade que ainda ia demorar. E, até esse dia, nunca tinha tido pesadelos.
Hoje, já não posso dizer isso.
Aquela pergunta ficou a ecoar cá dentro. Seria anormal dormir bem?
Bom, então agora já sou normal.
Aquela enfermeira... tocou lá... no fundo, com requintes de malvadez. Só porque era ela quem nos devia ter dado informações... e aparentemente, estava em falta connosco.

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